domingo, 16 de junho de 2019

ATOS 22


ATOS 22

Em tudo o que aconteceu com Paulo em Jerusalém, não é difícil discernir a mão de Deus controlando os bastidores. Embora a cidade estivesse em alvoroço, ninguém deu um golpe fatal até que houvesse tempo suficiente para o tribuno intervir. Então, o fato de Paulo se dirigir a ele em grego criou a impressão favorável que levou à permissão para se dirigir às multidões barulhentas das escadas da fortaleza. Então a escolha de Paulo do hebraico para seu discurso levou a um completo silêncio e atenção ao que ele tinha a dizer.
É bastante notável que tenhamos três relatos completos da conversão de Cornélio nos Atos. Em Atos 10, Lucas registra isso como um historiador; então em Atos 11, ele registra como Pedro relatou isso. Em Atos 15, temos um breve terceiro relato de como Pedro se referiu a ela no concílio de Jerusalém. Novamente, temos três relatos da conversão de Paulo. Em Atos 9, Lucas registra isso como um historiador; em Atos 22, ele registra como o próprio Paulo a relatou ao seu próprio povo, e em Atos 26, como ele a relatou aos soberanos gentios. Ambas as conversões foram marcantes e de grande importância. No primeiro caso, foi o chamamento definitivo e formal dos gentios pelo evangelho às mesmas bênçãos que os judeus e nos mesmos termos; no outro, era o chamado do arqui-perseguidor para ser o principal instrumento para levar o evangelho ao mundo gentio.
Quando lemos o relato em Atos 22, não podemos deixar de ver a habilidade dada por Deus com a qual Paulo falou. Ele começou afirmando o que tinha sido em seus primeiros dias, quando seu modo de vida estava de acordo com os pensamentos deles. Ele era perfeito quanto à sua linhagem, sua educação, seu zelo e seu ódio pelos Cristãos. Então veio uma intervenção do céu que foi claramente um ato de Deus. Ora, toda conversão verdadeira é o resultado de um ato de Deus, mas geralmente passa por algum instrumento humano e o ato divino é reconhecido apenas pela fé. No caso de Paulo, não havia instrumento humano, mas algo bastante sobrenatural, que atrai tanto o olho quanto o ouvido – uma grande luz e uma voz de poder – de modo a deixá-lo caído prostrado no chão. Ele conta a história de modo a impressionar seus ouvintes com o fato de que a mudança nele, que tanto ofendia a eles, havia sido feita por Deus.
A voz que o prendeu era a voz de Jesus, e eis que descobrimos que a frase completa proferida do céu era: “Eu sou Jesus NAZARENO, a Quem tu persegues”. Essa palavra não está inserida em Atos 9, nem aparece quando ele fala aos gentios no capítulo 26, mas aqui falando aos judeus, ela estava cheia de tremendo significado. Eles empregaram essa palavra em Seu nome como um insulto e uma censura; e agora Jesus Nazareno está no céu!
A partir disso, aceitemos o aviso de não dividir os nomes e títulos de nosso Senhor de qualquer maneira insensível e leviana; mesmo assim é muito útil discernir o significado de cada um. Poderíamos ter esperado que Ele dissesse: “Eu sou aqu’Ele que era Jesus Nazareno nos dias da Minha carne”; relegando assim esse nome à Sua jornada na Terra exclusivamente. Mas Ele não disse: “Eu era”, Ele disse: “Eu sou”. Ele não descartou Seus nomes, pois Ele é uno e indivisível.
Embora Paulo apresente sua conversão como sendo um ato puro de Deus, ele relata como Ananias foi usado por Deus para a restauração de sua visão, e para transmitir a ele o chamado para ser uma testemunha, e para ser batizado: ele também enfatiza que Ananias era um membro devoto e respeitado da comunidade judaica em Damasco. Note que Paulo estava tanto para ver o Salvador glorificado como para ouvir a Sua voz; e do que ele viu e ouviu, ele deveria dar testemunho. Daí o seu falar do evangelho que ele pregou como sendo “o evangelho da glória de o Cristo” (2 Co 4:4 – JND).
Note também como o batismo e a lavagem dos pecados estão conectados aqui, assim como eles estão em Atos 2:38, e como eles estavam no batismo de João. Ananias acrescentou: “invocando o nome do Senhor”, o que mostra que ele apontou para o batismo Cristão e não para o de João. O batismo é especialmente significativo no caso do judeu, que explica o lugar proeminente que teve no dia de Pentecostes e no caso de Paulo. Estes rejeitadores de Cristo devem curvar suas orgulhosas cabeças e descer simbolicamente para a morte, reconhecendo Seu nome. Foi o sinal de sua submissão àqu’Ele a Quem eles haviam recusado, e só assim seus pecados poderiam ser lavados.
Paulo então passou a relatar o que aconteceu em sua primeira breve visita a Jerusalém, mencionada em Atos 9:26. Nenhuma menção é feita a essa visita em Atos 9, nem em Gálatas 1; só lemos a respeito dela aqui. É notável que tanto os apóstolos Pedro e Paulo tenham tido um arrebatamento de sentidos e visto uma visão quanto ao seu serviço em relação aos gentios – Pedro, para que pudesse romper o costume judaico e abrir o reino aos gentios; Paulo, para que aceitasse a evangelização dos gentios como a obra de sua vida. Desta forma, foi duplamente enfatizado que a entrada dos gentios era a vontade deliberada e propósito de Deus.
Devido ao seu passado, Paulo sentiu que estava eminentemente preparado para evangelizar sua própria nação, e se aventurou a dizer isto ao Senhor, apenas para ser informado de que os judeus não aceitariam o testemunho de seus lábios, e que ele seria enviado para longe dali, para os gentios. Tudo isso ele disse ao povo, e quando se lê o registro, sente-se o poder convincente de suas palavras. Será que ele achava que pelo menos alguns de seu povo deveria estar convencido? No entanto, ali permanecia aquela palavra do Senhor, dita há mais de vinte anos: Eles não receberão o teu testemunho acerca de Mim”; e isso foi apoiado pela mensagem especial do Espírito Santo de que ele não deveria ir a Jerusalém. Naquele momento, as palavras do Senhor foram comprovadas. Sua menção dos gentios se tornando objetos da misericórdia divina despertou seus ouvintes ao delírio extremo. Eles não receberiam suas palavras. Eles exigiram sua morte com violência quase incontrolável. Quando Paulo perseguiu sua missão dada por Deus aos gentios, recebeu o gozo de ser usado para alcançar “um resto segundo a eleição da graça” (Rm 11:5) de seu próprio povo; quando ele se virou para o lado, concentrando sua atenção em seu próprio povo, suas palavras não produziram frutos de bênção.
A fúria irracional do povo, juntamente com o uso da língua hebraica, evidentemente confundia o tribuno, e o exame sob o açoite era a maneira reconhecida de extorquir provas naqueles dias. A menção por Paulo de sua cidadania romana restringiu isso e, sob a mão de Deus, tornou-se a ocasião do testemunho adicional de Paulo diante dos líderes de sua nação. O Sinédrio foi convocado no dia seguinte pelas ordens do tribuno.

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