domingo, 16 de junho de 2019

ATOS 14


ATOS 14

Em Icônio, o próximo local visitado, o trabalho foi semelhante ao de Antioquia. A sinagoga foi visitada e a Palavra pregada de tal modo que uma multidão de judeus e gentios creu. Novamente, os judeus tornaram-se opositores e perseguidores e, em vista de ações desenfreadas, os apóstolos fugiram para outras cidades.
Em Listra, um notável milagre foi realizado por meio de Paulo. Um homem coxo desde o nascimento foi curado; um milagre quase igual àquele feito por Pedro, o qual lemos no capítulo 3. Isso foi feito no próprio seio do judaísmo e, embora tenha dado uma grande abertura para o testemunho, também trouxe sobre os apóstolos a ira do líderes judaicos. Isso foi feito na presença dos pagãos, que interpretaram o maravilhoso acontecimento à luz de suas falsas crenças, e teriam feito uma festa idólatra, se os apóstolos não tivessem protestado, aproveitando a oportunidade para declarar a eles o Deus verdadeiro e vivo, que é o Criador. Os Licaonianos teriam feito exatamente o que Paulo acusou os gentios de fazer em Romanos 1:25, dizendo que eles “honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente”.
A inconstância dos homens é ilustrada no versículo 19. As pessoas que teriam deificado Paulo são facilmente persuadidas contra ele por certos judeus que seguiram seus passos, e eles o apedrejaram, como eles pensavam, até a morte. Paulo agora sofre a mesma coisa que ele ajudou a trazer sobre Estevão. No caso de Estêvão, Deus não interveio; no caso de Paulo, Ele interveio. Se Paulo estava realmente morto, ou se só estava quase a ponto de morrer, não temos como saber: o que quer que tenha sido, sua restauração, quase num instante, da saúde e a força normais, era um milagre. No dia seguinte, ele viajou para pregar o evangelho em outra cidade, como se nada tivesse acontecido com ele.
Sua jornada exterior terminou em Derbe, tendo sido um dos trabalhos e sofrimentos evangelísticos. Na viagem de volta, eles se entregaram ao trabalho pastoral, para que as almas dos discípulos fossem confirmadas e estabelecidas na fé. É digno de nota que eles não esconderam dos discípulos que o sofrimento estava diante deles, mas disseram que era inevitável. Eles não disseram que podemos por meio de alguma tribulação entrar no Reino, mas que devemos entrar por meio de muita tribulação.
Esse dito permanece válido hoje. Podemos tentar evitar a tribulação, mas não conseguimos. Se por covardia nos afastamos do conflito com o mundo, temos o problema em nossas circunstâncias cotidianas, ou mesmo no seio da Igreja de Deus. O próprio apóstolo Paulo escreveu: “a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro (2 Co 7:5). Hoje temos a dizer algo semelhante, só que muitas vezes temos que inverter a última parte e dizer que temos muitos temores em relação aos muitos combates “por fora”, e consequentemente estamos muito envolvidos em combates “por dentro” do círculo dos santos de Deus – isso é, “por fora temores, combates por dentro”. Porém, de uma ou de outra forma, a tribulação nos pertence.
Na jornada de volta, eles também descobriram que, entre os convertidos mais velhos, alguns manifestavam o caráter que os tornava aptos a exercer a supervisão espiritual, e a esses homens eles ordenaram como anciãos. O discernimento apostólico era necessário para fazer a escolha, e também um verdadeiro espírito de dependência de Deus – daí a oração – e uma recusa dos desejos da carne – daí o jejum. E quando os anciãos eram escolhidos para que todos pudessem reconhecê-los, eles não entregaram o restante dos crentes nas mãos dos anciãos. Não, eles “os encomendaram ao Senhor, em Quem haviam crido”. Cada crente foi colocado em direta conexão e comunhão com o Senhor por fé. Os anciãos foram instituídos, não para obstruir a fé dos santos, mas para incitá-la a ser mais real e profunda.
Chipre não foi visitada na viagem de volta, e de Atália eles tomaram o navio direto para Antioquia; e lá, a igreja sendo reunida, lhes contaram a história de sua missão. Eles não haviam sido enviados pela igreja em Antioquia, mas pelo Espírito Santo, mas a igreja tinha um interesse muito profundo por esses servos que haviam saído do meio deles. Por sua parte, os servos disseram “quantas coisas fizera Deus com eles”. Deus era o Trabalhador, e eles, apenas os instrumentos que Ele tinha o prazer de usar; e foi Deus Quem abriu a porta da fé aos gentios. A primeira viagem missionária provou isso além de qualquer dúvida.
Contudo, embora fosse assim, a maneira de seu serviço não estava além de qualquer disputa. Ninguém os desafiou em Antioquia durante sua longa estadia lá, mas a maioria naquela igreja era de origem gentílica. Quando alguns homens desceram da área de Jerusalém, tudo foi mudado pelo ensino de que a observância da circuncisão era absolutamente necessária para a salvação, e que Paulo e Barnabé não haviam observado isso. Ao ler a primeira parte de Atos 11, vimos que o grupo judaizante em Jerusalém havia questionado a ação de Pedro na evangelização dos gentios, na pessoa de Cornélio e seus amigos. Sua oposição foi rejeitada, e foi aceito que o evangelho deveria ir para os gentios. O ponto agora levantado era que, mesmo admitindo isso, eles devem se submeter à circuncisão para serem salvos, e a circuncisão deve ser “à maneira de Moisés”, assim, definitivamente, conectando-a com o sistema legal. Esta nova demanda foi firmemente resistida por Paulo e Barnabé, e finalmente eles e outros subiram aos apóstolos e anciãos em Jerusalém sobre esta questão.

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