terça-feira, 28 de maio de 2019

ATOS 7


ATOS 7


Sua história começou com Deus chamando Abraão de seu antigo lugar e associações, para que ele pudesse ir para a terra da escolha de Deus e ali ser feito uma grande nação. Isso é mostrado em Gênesis 12:1-3, e foi um evento que marcava uma época, como é evidente quando notamos que um período de tempo mais longo é condensado em Gênesis 1-11, do que o período expandido para preencher todo o resto do Velho Testamento. O chamamento de Abraão marcou um novo início nos caminhos de Deus com a Terra, e com esse novo início, Estêvão começou seu discurso.
Gênesis nos diz que Jeová apareceu a Abraão, mas Estêvão o conheceu e falou d’Ele em uma nova luz. O Jeová que apareceu a Abraão era o Deus de glória, o Deus de cenas muito mais gloriosas do que as que podem ser proporcionadas por este mundo, mesmo no seu melhor e mais belo. Isto é, sem dúvida, o que explica a fé de Abraão abraçando as coisas celestiais como é falado em Hebreus 11:10-16. Chamado pelo Deus de glória, ele pelo menos teve vislumbres da cidade e do país onde a glória habita. Nesta alta nota, Estevão começou e terminou, como sabemos, com Jesus na glória de Deus.
A principal tendência de seu notável discurso era evidentemente trazer ao povo a convicção do modo como seus pais e eles tinham sido culpados de resistir às operações de Deus por Seu Espírito durante toda a sua história. Ele se concentra particularmente no que aconteceu quando Deus havia levantado servos para instituir algo novo em sua história. Houve uma série de novos começos, de maior ou menor importância. O primeiro havia sido com Abraão, mas depois seguiram José, Moisés, Josué, Davi e Salomão; todos a quem ele se refere, embora dando muito mais atenção aos três primeiros do que aos três seguintes. A nenhum destes eles realmente corresponderam, e José e Moisés foram definitivamente rejeitados logo de início. Ele termina com a sétima intervenção, que colocou todas as anteriores na penumbra – a vinda do Justo – e a Ele eles tinham acabado de matar.
Estêvão deixou bem claro que os líderes judeus de seus dias estavam apenas repetindo, de forma ainda pior, o pecado de seus antepassados. Os patriarcas venderam José ao Egito porque foram “movidos de inveja”; e Mateus registra os esforços de Pilatos para libertar Jesus, “porque sabia que por inveja O haviam entregado”. Assim também foi com Moisés; as palavras que fizeram com que ele fugisse: “Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós?” (Êx 2:14 – ARA) foi proferida por um de seus irmãos e não por um egípcio. A rejeição veio de seu próprio povo e não dos de fora. Assim também foi com Jesus.
Êxodo 2 não nos dá a percepção da reputação e maestria de Moisés no final de seus primeiros quarenta anos como é dado no versículo 22 do nosso capítulo. Ele era um homem de conhecimento, oratória e ação, quando sentiu em seu coração identificar-se com seu próprio povo, que era o povo de Deus. Tendo dado esse passo, deve ter chegado a ele como um choque terrível o ser recusado por eles. Diante daquelas palavras, ele fugiu. Ele não temeu a ira do rei, como Hebreus 11:27 nos diz, mas ele não suportou essa recusa. Ele havia agido na consciência de seus próprios poderes excepcionais, e agora precisava de quarenta anos de instrução divina no lado de trás do deserto para aprender que seus poderes não eram nada e que o poder de Deus era tudo. Em tudo isso, Moisés está em contraste com o nosso Senhor, embora ele O tipifique na rejeição que teve que suportar.
Este Moisés foi novamente rejeitado pelos pais deles, quando ele os tirou do cativeiro levando-os ao deserto. Ao rejeitá-lo, eles realmente rejeitaram a Jeová, e se voltaram para a idolatria de um tipo muito grosseiro. Mesmo no deserto, e não somente quando na terra, eles foram negligentes com os sacrifícios de Jeová e se adulteraram com ídolos, abrindo assim o caminho para o cativeiro babilônico. Deus ainda havia levantado Davi, e então Salomão construiu a casa. Ora na casa eles se gabavam (veja Jeremias 7:4) como se a mera posse desses edifícios garantisse tudo, quando realmente Deus habitava no Céu dos céus, muito acima dos edifícios mais deslumbrantes da Terra.
As palavras finais de Estêvão – versículos 51-53 – são marcadas por grande poder. Elas são como um apêndice às palavras do próprio Senhor, registradas em Mateus 23:31-36, levando a acusação à sua terrível conclusão na traição e morte do Justo. A posição deles diante de Deus estava baseada na lei e, embora a tivessem recebido pela ordenação de anjos, não a haviam guardado. A lei quebrada pela flagrante idolatria e o homicídio do Messias; houve as duas grandes denúncias na acusação contra os judeus, e ambas são proeminentes nas palavras finais de Estêvão.
O Espírito Santo, pelos lábios de Estêvão, havia virado completamente a mesa sobre seus opressores, e eles se viram acusados, como se estivessem no banco dos réus, em vez de estarem sentados no banco dos juízes. A própria repentinidade com que Estêvão abandonou sua narrativa histórica e lançou a acusação de Deus contra eles, deve ter acrescentado tremendo poder às suas palavras. Elas penetraram em seus corações e os agitaram à fúria.
A única pessoa evidentemente calma era Estêvão. Cheio do Espírito, ele teve uma visão sobrenatural da glória de Deus, e de Jesus naquela glória, e testificou imediatamente do que viu. Ezequiel tinha visto “a semelhança de um trono” e “a semelhança de um homem, no alto, sobre ele” (Ez 1:26), mas Estevão não via uma mera “semelhança”, mas sim o próprio HOMEM, em pé à direita de Deus. Jesus, uma vez crucificado, é agora o Homem da mão direita de Deus: Ele é o poderoso Executivo, por Quem Deus administrará o universo!
Em seu discurso Estêvão havia salientado que embora José tivesse sido recusado por seus irmãos, ele se tornou o salvador deles e, finalmente, todos tiveram que se curvar perante ele. Ele também lembrou a eles de que, embora Moisés tenha sido inicialmente rejeitado, ele finalmente se tornou príncipe e libertador de Israel. Agora ele testifica uma coisa similar, mas muito maior em relação a Jesus: o Justo que eles haviam matado tornou-Se seu Juiz e, finalmente, para aqueles que O recebem, seu grande e final Libertador. Em sinal disso, Ele estava em glória, e Estêvão O viu.
Totalmente incapazes de refutar ou resistir às suas palavras, os líderes judeus apressaram-se a dar a morte a Estêvão, cumprindo assim as palavras do Senhor, registradas em Lucas 19:14, quando os cidadãos, odiando o homem nobre que partiu, enviaram uma mensagem após ele dizendo: “Não queremos que Este reine sobre nós”. Jesus ainda estava “em pé” (v. 55 – TB) em glória, pronto para cumprir o que Pedro havia dito em Atos 3:20, se eles tivessem se arrependido. Eles não se arrependeram, mas deram uma violenta recusa ao apedrejar Estêvão e enviá-lo após seu Mestre. Proeminente em conexão com este ato perverso estava um jovem chamado Saulo, que consentiu com a morte de Estevão, e agiu como um tipo de superintendente em sua execução. Assim, onde a história de Estevão termina, a história de Saulo começa.
Estevão, o primeiro mártir Cristão, encerrou sua curta, mas notável carreira à semelhança de seu Senhor. Cheio de Espírito, sua visão foi preenchida com Jesus em glória. Ele não tinha mais nada a dizer aos homens; Suas últimas palavras foram dirigidas ao seu Senhor. Ao Senhor, ele encomendou o seu espírito e, assumindo a atitude de oração, desejou misericórdia por aqueles que o matavam. Quem poderia ter antecipado uma resposta tão surpreendente como foi dada por seu exaltado Senhor na conversão de Saulo, o arqui-homicida? A oração do Senhor Jesus na cruz pelos Seus homicidas foi respondida pelo envio do evangelho, começando em Jerusalém; a oração de Estêvão foi respondida com a conversão de Saulo, do que o próprio Saulo nunca se esqueceu, como é mostrado em Atos 22:20.

Nenhum comentário:

Postar um comentário