terça-feira, 28 de maio de 2019

ATOS 10


ATOS 10


A primeira coisa no capítulo é o ministério angélico a Cornélio, pelo qual ele é direcionado a enviar homens a Jope e chamar a Pedro. Nenhuma dificuldade surgiu aqui, pois Cornélio imediatamente fez o que lhe foi dito. O anjo, como notamos, não encurtou uma longa história dizendo por si mesmo a mensagem a Cornélio. A mensagem da graça só pode ser corretamente contada por um homem que ele mesmo seja um objeto da graça. Então, Pedro deve ser chamado. Deus tinha respeito pelas orações e esmolas de Cornélio, pois expressavam a sincera busca de seu coração por Deus. Se, depois de ouvir o evangelho, ele tivesse ignorado sua mensagem e continuado com suas orações e esmolas, teria sido um assunto diferente. Então elas não teriam “subido para memória diante de Deus”.
Em seguida vem o relato dos tratamentos preliminares de Deus com Pedro por meio de um êxtase. Havia mais dificuldade aqui, pois ele ainda estava preso aos seus pensamentos judaicos, e destes ele tinha que ser libertado. Os ouvintes estavam prontos, mas o pregador tinha que ser aprontado para partir. O registro é que ele “subiu ao terraço para orar”, consequentemente ele estava na atitude correta para receber a orientação necessária. Não havia apenas um que era buscador em oração, mas também um que era servidor em oração. Daí resultados notáveis aconteceram.
O grande lençol que Pedro viu descendo de um céu aberto e que continha em suas dobras todos os tipos de criaturas limpas e impuras, foi recebido acima no céu. Pedro foi convidado a satisfazer sua fome tomando dele, e ele poderia ter feito isso selecionando um animal limpo para sua comida. No entanto, eles estavam todos misturados, então Pedro recusou. Foi-lhe dito, no entanto, que Deus poderia purificar o impuro: que, na verdade, Ele o fizera e o que Ele limpara não era para chamar de comum. Isso aconteceu três vezes, de modo que o significado disso pôde aprofundar na mente de Pedro. Podemos ver na visão uma figura apta do evangelho, que vem de um céu aberto, que abraça em suas dobras uma multidão, entre as quais se encontram muitos gentios, que eram cerimonialmente impuros; mas todos eles purificados pela graça e finalmente levados para o céu.
A princípio, Pedro duvidou do significado de tudo isso, pois preconceitos antigos morrem lentamente; mas, enquanto continuava a ponderar, a situação foi esclarecida com a chegada dos mensageiros de Cornélio. O Espírito instruiu-o claramente a ir com eles e, assim, levar o evangelho ao romano que buscava. O “impuro” gentio deveria ser salvo.
Em Atos 8, vimos com que precisão Deus planejou a interceptação da carruagem etíope por Filipe. Agora vemos os servos de Cornélio chegando no preciso momento para assentar as instruções divinas à mente de Pedro. A coisa era de Deus, e Pedro foi irresistivelmente levado adiante.
Chegando a Cesareia, tudo estava pronto na casa de Cornélio. Ele também estava consciente de que a coisa era de Deus, e assim ele não teve nenhuma dúvida quanto a Pedro vindo, e ele convocou um número de pessoas que, como ele, buscavam direção de Deus. O versículo 25 nos revela o estado de espírito reverente e submisso que marcou Cornélio. Ele levou sua reverência longe demais; ainda que não fosse pouca coisa que o arrogante romano caísse aos pés de um humilde pescador galileu.
Pedro encontrou-se agora na presença de um grande número de gentios, e suas palavras de abertura a Cornélio mostram como ele aceitou a instrução transmitida a ele pela visão. A resposta de Cornélio revela como ele simplesmente acreditou na mensagem do anjo e prontamente obedeceu a ela. Ele havia aceitado a gentil repreensão de Pedro quando afirmou: “Eu também sou homem, embora soubesse que Deus estava trabalhando e que a reunião seria realizada como que em Sua presença. Ele, portanto, colocou a si mesmo e toda a audiência como “aqui na presença de Deus” (ARA), pronto para ouvir do pregador “tudo o que te foi ordenado por Deus”. Eles estavam prontos para ouvir tudo. Muitas pessoas não se importam em ouvir coisas agradáveis ​​e reconfortantes, enquanto se opõem aos anúncios mais severos que o evangelho faz.
Pedro abriu seu discurso com mais um reconhecimento de que agora ele percebia que Deus teria respeito a toda alma que sinceramente O buscasse, de acordo com a luz que ele pudesse ter, não importando a que nação ele pertencesse. A graça de Deus estava agora fluindo ricamente para além das fronteiras de Israel, embora a palavra que Deus enviara em conexão com Jesus Cristo, pessoalmente presente entre os homens, tivesse sido dirigida apenas aos filhos de Israel. Ainda assim, aquela palavra havia sido bem publicada na Galileia e na Judeia, e Cornélio e seus amigos sabiam disso, sendo residentes naquelas partes. As coisas que aconteceram na vida e na morte de Jesus Nazareno eram bem conhecidas por eles.
Então Pedro poderia dizer: “Esta palavra, vós bem sabeis. Havia, no entanto, coisas que eles não sabiam; e são esses assuntos essenciais que ele passou a desvendar. A morte de Jesus foi um espetáculo público e todos sabiam disso. Sua ressurreição havia sido testemunhada por poucos e o relato comum a negava. A negação tinha o apoio das autoridades religiosas, como aprendemos em Mateus 28:11-15. Por isso Pedro agora anunciou a extraordinária notícia de que o crucificado Jesus havia sido ressuscitado de entre os mortos por um ato de Deus, que ele e seus companheiros apóstolos realmente O viram, comeram com Ele, e receberam d’Ele uma ordem sobre o que deveriam pregar aos outros. Nos versículos 42 e 43, Pedro anunciou o que lhes foi ordenado fazer.
Esses versículos nos dão os dois temas de sua pregação, dois anúncios que devem ter chegado com grande poder a seus ouvintes gentios. Primeiro, o Jesus, a Quem os homens crucificaram, é ordenado por Deus para ser o Juiz tanto dos vivos como dos mortos. Sua crucificação foi um ato de judeus e gentios. Cornélio devia estar familiarizado com os detalhes, e conhecia alguns que participaram dela, se é que, na verdade, ele mesmo não estivesse envolvido. Ele estava informado de Sua vergonha e desonra e aparente fracasso. Bem, o desprezado Jesus deve vir no devido tempo como o Juiz universal. O destino de todos os homens está em Suas mãos. Que declaração surpreendente! Calculado para destruir todos os adversários com terror!
Segundo, antes que este Juiz Se assente no trono do julgamento, todos os profetas testificam que há perdão oferecido em Seu nome. Esse perdão é recebido por “todo aquele que n’Ele crer”. Perdão por meio do Nome do Juiz! Poderia alguma coisa ser mais estável e satisfatória do que isso? O Juiz Se tornou o Fiador para os homens pecadores e, portanto, o crente n’Ele recebe a remissão de pecados, antes que o dia amanheça, quando serão realizados os grandes julgamentos para os vivos e para os mortos.
Cornélio e seus amigos creram. A fé estava presente em seus corações antes mesmo de ouvirem a mensagem. Ao ouvi-la, a fé deles imediatamente a abraçou, e Deus sinalizou esse fato instantaneamente concedendo-lhes o dom do Espírito Santo. Sua fé saltou como o relâmpago e foi imediatamente seguida pelo estrondo do Espírito Santo. O Espírito foi derramado sobre esses gentios crentes, assim como Ele havia sido no princípio sobre os judeus crentes, seguido com o sinal das línguas. Os dois casos eram idênticos, e desta forma “os fieis que eram da circuncisão” que tinham vindo com Pedro tiveram todas suas dúvidas dissipadas. Não havia nada a fazer a não ser batizar esses gentios. Se Deus os havia batizado pelo Espírito no um só corpo, os homens não poderiam negar a eles a entrada entre os crentes na Terra pelo batismo com água.
Existe exatamente essa diferença entre Atos 2 e este capítulo, que lá os que perguntavam tiveram que se submeter primeiro ao batismo com água, e então deveriam receber a promessa do Espírito. Eles tiveram que cortar seus elos com a massa rebelde de sua nação antes de serem abençoados. Aqui Deus deu o Espírito primeiro, pois se Ele não tivesse feito isso, os preconceitos judaicos teriam levantado um muro contra o batismo e a recepção deles. Assim, Deus Se adiantou a eles: na verdade, todo o capítulo nos mostra como essa abertura da porta da fé para os gentios foi o movimento da mão de Deus no cumprimento de Seu propósito. Também nos mostra que nenhuma lei rígida pode ser estabelecida quanto à recepção do Espírito. É sempre o resultado de fé, mas pode ser com ou sem o batismo, com ou sem a imposição de mãos apostólicas – veja Atos 19:6.

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