terça-feira, 28 de maio de 2019

ATOS 4


ATOS 4


Enquanto lemos os versículos de abertura, encontramos a resposta à essa oferta, dada pelos chefes oficiais da nação. Sendo a oferta baseada na ressurreição do Senhor Jesus, foi particularmente desagradável para os saduceus e para os sacerdotes, que eram daquela seita. Eles a rejeitaram incondicionalmente, prendendo os apóstolos. A obra de Deus, entretanto, prosseguiu em poder convertedor, conforme o versículo 4; e no dia seguinte, quando examinado perante o conselho, Pedro encontrou nova oportunidade para testemunhar, respondendo à pergunta sobre o poder e o Nome em que agira.
O Nome e poder era o de Jesus Cristo o Nazareno, a Quem eles haviam crucificado e a Quem Deus havia exaltado. O Salmo 118:22 havia se cumprido n’Ele, e Pedro passou a expandir o testemunho daquilo que era particular àquilo que é universal. O poder do Nome estava bem diante de seus olhos no caso particular do homem coxo que fora curado, não era menos potente para a salvação dos homens de uma forma universal. A cura física do homem era apenas um sinal da cura espiritual que o Nome de Jesus traz. O desprezado Jesus Nazareno é a única porta para a salvação.
Os versículos 13-22 mostram, de maneira mais impressionante, como o testemunho de Pedro foi justificado. Os apóstolos eram indoutos e ignorantes de acordo com os padrões do mundo, ainda assim haviam estado com Jesus e eram ousados, e isso impressionou o conselho, que desejaria tê-los condenado. Três coisas impediram no entanto: 
  • Eles “nada tinham que dizer em contrário” (v. 14);
  • Eles tiveram que confessar: “por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar” (v. 16);
  • Eles não acharam “motivo para os castigar” (v. 21). 

Quando os homens desejam desacreditar qualquer coisa, geralmente a negam de plano, caso seja possível. Se isso não for possível, encontrarão algum modo de falar contra ela, deturpando-a, se for necessário. Por fim, se isso não for possível, atacam as pessoas envolvidas na coisa, difamando as pessoas que as defendem e punindo-as. Esses três conhecidos artifícios estavam nas mentes dos homens do conselho, mas todos falharam, pois estavam lutando contra Deus. Eles poderiam apenas ameaçá-los e exigir que eles parassem de proclamar o Nome de Jesus. Pedro repudiou a exigência deles, pois Deus lhes havia ordenado que pregassem em Nome de Jesus, e como Ele era a Autoridade infinitamente superior, eles devem obedecer a Ele e não a eles.
Seguem-se os versículos 23-37 com uma bela imagem da Igreja primitiva em Jerusalém. Liberados pelo conselho, os apóstolos “foram para os seus [para os da sua própria companhia – JND]. Isso nos mostra que, no início, a Igreja era uma “companhia” distinta e separada do mundo, até mesmo do mundo religioso do judaísmo. Este ponto precisa de muita ênfase em dias em que o mundo e a Igreja têm sido misturados em grande parte.
A Igreja primitiva encontrou seu recurso na oração. Na emergência, eles se voltaram para Deus e não para os homens. Eles poderiam ter desejado que o conselho fosse de um caráter menos saduciano, com mais liberalidade e amplitude em seu ponto de vista, mas não se mexeram para obtê-lo; eles simplesmente procuraram a face de Deus, o Governador soberano dos homens.
Em sua oração, eles foram conduzidos à Palavra de Deus. O Salmo 2 lançou sua luz sobre a situação que os confrontava. A interpretação da passagem se referiria aos últimos dias, mas eles viram a aplicação dela que se referia a seus dias. A Igreja primitiva foi marcada pela sujeição à Palavra, encontrando nela toda a luz e orientação de que precisavam. Essa também é uma característica muito importante e instrutiva.
Eles também estavam muito mais preocupados com a honra do Nome de Jesus do que com sua própria tranquilidade e conforto. Eles não pediram o fim da perseguição e oposição, mas que eles pudessem ter ousadia em falar a Palavra, e ter aquele apoio milagroso que exaltaria o Seu Nome. A Igreja é o lugar onde esse Nome é tido como amado.
Como resultado disso, houve uma manifestação excepcional do poder do Espírito. Todos eles foram cheios d’Ele; o próprio edifício onde eles se encontraram foi abalado e sua oração, por causa da especial ousadia, foi instantaneamente respondida. E não apenas isso, mas aquilo que eles não haviam pedido lhes foi concedido; E era um o coração e a alma. Isto naturalmente fluiu do fato de que o “um Espírito” de mente e de coração estava enchendo cada um deles. Se todos os crentes hoje estivessem cheios do Espírito, a unidade de mente e coração os caracterizaria. Esta é a única maneira pela qual tal unidade poderia acontecer.
Além disto, fluía a próxima característica que o versículo 33 menciona. Houve grande poder no testemunho dos apóstolos para o mundo. A Igreja não pregou, mas, cheia de graça e poder, apoiou aqueles que o fizeram. A pregação então, como sempre, estava nas mãos dos que foram chamados por Deus para fazê-la, mas o poder com o qual eles a faziam era em grande parte influenciado pelo estado que caracterizava toda a Igreja.
Os versículos finais mostram que assim como havia um poderoso testemunho fluindo para fora, havia a circulação do amor e do cuidado fluindo por dentro. A comunidade Cristã, mencionada no final do capítulo 2, ainda continuava. A distribuição era feita “segundo a necessidade de cada um” (TB). Não os desejos das pessoas, mas suas necessidades foram satisfeitas, e assim ninguém teve falta. Numa data posterior, Paulo poderia dizer: “estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade” (Fp 4:12), mas nessa época tais experiências eram desconhecidas pelos santos em Jerusalém. Se, ao escapar de tais experiências, eles se beneficiaram mais do que Paulo, que passou por elas, é uma questão deixada em aberto, embora nos inclinemos a pensar que não. De qualquer forma, a ação de Barnabé era muito bonita, e o amor e cuidado encontrados na Igreja deveriam ser conhecidos hoje, embora pudesse haver alguma variação no modo exato de expressá-los.

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